É quase via de regra, ainda que, por vezes, inconscientemente, levamos em consideração as afirmações alheias como verdades e/ou como ponto de vista e crença daquela pessoa em relação a algo. É uma força invisível que impregna a “nossa verdade” em tudo o que dizemos, aliás, a afirmação por si só tem como essência expressar o pensamento assim como este veio da nossa mente, a nossa vontade de expressar, nossas ideias. Tudo que falamos é tido como genuinamente o que pensamos que seja verdade, e muitas vezes assim o é, mas o meu propósito de escrever isto é justamente desconstruir essa ideia. Em primeiro lugar, afirmo: Eu estou errado! Nunca tive o propósito de que ninguém acreditasse que o que aqui escrevo seja verdade, embora tudo assim pensei. Mais do que isso, quero desconstruir este conceito de levar as afirmações a esse pedestal da crença e estimular o senso crítico e as nossas outras formas de percepção. Veja, ouça, finja, sinta, conteste, prove aquilo que chega até os seus sentidos, se assim achar que vale a pena.
“Estar errado”, por sua vez, tem uma conotação negativa, ligado a falha, erro e a tudo que não presta, mas reconhecer que se está errado pode ser o primeiro passo a mudar toda uma situação. Acreditar de mais em si e nos seus valores pode se tornar um cabresto que nos impede de ver o que está ao nosso redor e as possibilidades que se perfazem. Ao reconhecer o erro, ter a humildade de recomeçar e se adequar, se modificar e se enriquecer com as novas experiências que lidam a esse processo pode ser uma dádiva de valor inestimável, e é este o caminho que tenho trilhado arduamente nos últimos tempos.
É engraçado como agora é difícil escrever no teclado português. Passei alguns segundos procurando as teclas como o iniciante que eu era na digitação há tantos anos atrás, porque já me adaptei tanto ao teclado russo que agora enxergo as teclas em cirílico melhor que as em latim.
Прикольно как мне трудно на португальской клавиатуре печатать сейчас. Я несколько секунд искал буквы как будто я много лет назад с португальской клавиатурой, потому что я уже так привыкс русской клавиатурой, что мне легче кириллицу читать, вместо латинские буквы на неё.
Da mesma forma, hoje tomo chá praticamente todos os dias, percebo a diferença dos sabores e já não posso viver sem eles.
Так же, пью чай почти каждый день, я вижу разницу между вкусами и не могу жить без них.
10 graus abaixo de zero pra mim é calor, tenho vontade de abrir o casaco, tirar o gorro e as luvas na rua.
-10С градусов для меня – тепло. Мне хочется открывать куртку, снимать шапку и перчатки на улице.
Não consigo entrar em casa com sapatos, tenho que tirá-los na entrada, até quando estive na Itália, onde isso não é via de regra.
Я не могу входить в дом в обувях, мне нужно их снимать у входа, даже когда я был в Италии, где не обязательно надо это делать.
Ao entrar no banheiro, minha mão busca automaticamente o interruptor fora do banheiro, e não dentro, como eu era acostumado a minha vida inteira.
Входя в туалет, мои руки автоматическиищут включатель снаружи туалета, а не внутри, как мне было обычно по всей жизни.
Um amigo meu brasileiro recém-chegado me perguntou quanto era 54 rublos em reais e eu tive dificuldade em responder, ele mesmo conseguiu calcular mais rapidamente que eu, daí percebi que eu tinha dificuldade em converter rublos em reais porque já não era mais preciso. Entendo rublos como rublos, não preciso mais convertê-los em reais como antes, afim de entender o custo.
У меня Бразильский друг, который недавно приехал сюда, меня спросил, сколько 54 рублей на реал получается, а мне было трудно ответить, он сам придумал быстрее, чем я. После этого я обнаружил, что я понимаю цены на рубли, мне уже не надо менять валюты, чтобы понимать сколько стоит всего, как я раньше делал.
Quando ando de ônibus ou algum outro meio de transporte coletivo dentro da cidade, me oriento pelo som interno e não mais pela janela, até porque as janelas estão congeladas, quase não dá pra ver nada do lado de fora.
Когда езжу на авто/троллейбусе или на трамвае я знаю, когда выходить из-за звука, не смотря с окна. Окна замерзли, с них ничего не видно, все равно.
Sinto o pulsar das minhas veias mais forte nos pulsos, quando minhas mão estão com frio, e a dor que sentia antes hoje é um mero incômodo.
Я чувствую свою кровь бежать внутри рук сильнее, когда они замерзают, тогда, холодно просто не удобно а не больно, как раньше.
Consigo correr normalmente no gelo, quando antes eu escorregava facilmente.
Я умею бежать свободно надо льдом, а раньше я постоянно упал.
Às vezes consigo me expressar melhor em russo do que em português ou inglês.
Мне иногда легче общаться на русском чем на английском и даже на португальском.
Psicologicamente me sinto mais pleno e pronto a resolver problemas.
Психологически, я чувствую, что мой ум сейчас более развитый, и я готов решить проблемы.
...
Agora a parte mais árdua da tal adaptação...
Сейчас, самая трудная часть этой адаптации...
Адаптация (= привыкание = приспособление – vc pode dizer assim tb)
É engraçado como agora é difícil escrever no teclado português. Passei alguns segundos procurando as teclas como o iniciante que eu era na digitação há tantos anos atrás, porque já me adaptei tanto ao teclado russo que agora enxergo as teclas em cirílico melhor que as em latim.
Прикольно, как мне трудно (прикольно é um estilo, gíria, как мне трудно é um outro estilo, neutro) на португальской клавиатуре печатать сейчас. Я несколько секунд искал буквы, как будто я много лет назад (é melhor dizer «много лет тому назад случилась одна история», mas aqui é melhor dizer sem isso) не имел дела с португальской клавиатурой, потому что я уже так привык с к русской клавиатуройе (привыкнуть к чему-то – dativo), что мне легче кириллицу читать, вместо латинскихе буквы(вместо + nome no genitivo) на неё.
Da mesma forma, hoje tomo chá praticamente todos os dias, percebo a diferença dos sabores e já não posso viver sem eles.
Также (также = e, так же = como assim), пью чай почти каждый день, я вижу разницу между вкусами (вкусами где? Precisa dizer onde ou comparer 2 coisas - sabores de____ e sabores de______ / ou na Rússia e no Brasil) и не могу жить без них (sem que um destes dois?).
10 graus abaixo de zero pra mim é calor, tenho vontade de abrir o casaco, tirar o gorro e as luvas na rua.
Минус 10С градусов для меня – тепло. Мне хочется открывать расстегивать (открывают – дверь, коробку) куртку, снимать шапку и перчатки на улице. (Да ты что!? Заяц! Ты и без этого герой!!!)
Não consigo entrar em casa com sapatos, tenho que tirá-los na entrada, até quando estive na Itália, onde isso não é via de regra.
Я не могу входить в дом в обувиях, мне нужно ееих снимать у входа. Даже когда я был в Италии, где необязательно надо это делать.
Ao entrar no banheiro, minha mão busca automaticamente o interruptor fora do banheiro, e não dentro, como eu era acostumado a minha vida inteira.
Когда я вхожу в Входя в туалет (иначе получается, что в туалет входишь не ты,а твои руки :Р), мои руки автоматически ищут выключатель снаружи туалета, а не внутри, как я привыкмне было обычнопо всюей жизньи.
Um amigo meu brasileiro recém-chegado me perguntou quanto era 54 rublos em reais e eu tive dificuldade em responder, ele mesmo conseguiu calcular mais rapidamente que eu, daí percebi que eu tinha dificuldade em converter rublos em reais porque já não era mais preciso. Entendo rublos como rublos, não preciso mais convertê-los em reais como antes, afim de entender o custo.
МойУ меня бБразильский друг, который недавно приехал сюда, спросил меня спросил, сколько будет 54 рубляей в на реалахполучается, а мне было трудно ответить, он сам догадалсяпридумал быстрее, чем я. После этого я обнаружил, что я понимаю цены вна рубляхи, мне уже не надо менять валюты, чтобы понимать сколько стоит всего, как я раньше делал.
Quando ando de ônibus ou algum outro meio de transporte coletivo dentro da cidade, me oriento pelo som interno e não mais pela janela, até porque as janelas estão congeladas, quase não dá pra ver nada do lado de fora.
Когда езжу на авто/троллейбусе (на авто или на автобусе? Авто = um carro, que rico!) или на трамвае, (quando eu faço alguma coisa) VÍRGULA[eu acho alguma coisa] я знаю, когда выходить, (compara: КОГДА ВЫХОДИТЬ, я знаю)из-за звука, не смотря сиз окна. Окна замерзли, с в них ничего не видно, все равно. (ничего не видно как? Всё равно = > não precisa escrever vírgula aqui)
Sinto o pulsar das minhas veias mais forte nos pulsos, quando minhas mão estão com frio, e a dor que sentia antes hoje é um mero incômodo.
Я чувствую, как моясвою кровь бежитать (não pode dizer «eu sinto» (ou outros pessoas e verbos + infinitivo) ввнутри руках (ou по рукам / по венам рук) сильнее, когда они замерзают, тогда, холодно просто неудобно, а не больно, как раньше. (Это ты такой заяц!?)
Consigo correr normalmente no gelo, quando antes eu escorregava facilmente.
Я умею бежать свободно понадо льдуом, а раньше я постоянно упалпадал. (Упал – 1 раз, падал – много раз. Я тебе побегаю, заяц, смотри у меня! Осторожно, пожалуйста, береги себя!)
Às vezes consigo me expressar melhor em russo do que em português ou inglês.
Мне иногда легче общаться на русском, чем на английском и даже на португальском.
Psicologicamente me sinto mais pleno e pronto a resolver problemas.
Психологически, я чувствую (а можно чувствовать не психологически?), что мой ум сейчас стал более развитымй, и я готов решаить проблемы. (você fala sobre capacidades – então решать, sobre um fito – então решить).
Desde o nascimento, a única certeza que qualquer ser vivo tem é a de que vai morrer. Encaramos a morte como o oposto da vida, e, embora ela seja algo tão comum no mundo em que vivemos, ainda sofremos quando alguém, principalmente um ente querido, morre. A dor é sempre certa, por mais que saibamos que este é o destino de todos os seres vivos. Ora, às vezes me surpreende por que tanto sofremos, porque encaramos a morte como o antônimo de vida se ela é tão certa e a todos vem. Os astecas, por exemplo, viam a morte e a vida como sinônimos, não como um ciclo, ou reencarnação, mas como uma consequência da vida. Eles enxergavam todo o universo e os seres humanos como um único sistema, em que nosso sangue lubrifica as engrenagens que movem o cosmos. Para que cada dia amanhecesse, alguém tinha que ser sacrificado, e para muitos isso era uma honra. Morrer em campo de batalha também era uma honra, pois os mortos iam ter com o próprio deus do Sol e da guerra, Huitzilopochtli. Talvez nenhum povo tenha sido tão fascinado com a morte como os astecas.
S togo zhe momenta kogda my rodilis’, edinstvennaja uverennost’ chto u nas est’ v zhizn’ – eto chto my umrem. Smert’ dlja nas kazhetsja naprotiv zhizni, hotja ona takaya obychnaya v mire, gde my zhivem, chto nam eshche bol’no kogda kto-to, osobenno kotorogo my ochen’ lyublili, umiraet. Bol’no vsegda kogda eto sluchaetsja, hotja my znaem chto eto dlja vseh kto zhivet. Nu, inogda mne udivitel’no pochemu nam tak bol’no, pochemu nam kazhetsja smert’ – eto antonim zhizni dazhe esli horosho znaem chto ona v kontse kontsov budet. Atstekam, naprimer, smert’ i zhizn’ byli sinonimami, ne tsikl ili reinkarnatsija, no prosto kak sledstvie samoj zhizni. Oni videli vsyu vselennuyu i chelovechestva kak budto odna i ta zhe sistema, v kotoroj nasha krov’ smazyvaet zubchatye peredachi s kotoryh kosmos rabotaet. Chtoby solntse kazhdym utrom bylo, kogo-to prinosili v zhertvu i dlja mnogih eto bylo chest’. Umirat’ v vojne tozhe chest’, potomu chto te korotye umirayut poshli by k bogu Solntsa i vojny, Uitsilopochtli. Mozhet byt’ nikakim lyudiam kak atstekam smert’ kazalas’ takoj zamechatel’noj.
A verdade é que não existiamos como somos antes de nascer, mas já existíamos nesse mundo enquanto matéria, o nascimento é uma transformação, a vida é um processo e a morte é o retorno. Como princípio, meio e fim que a tudo atinge, quem hoje chora por quem morreu, um dia também irá morrer, assim como todos que vivem. Muitas vezes a morte é um alento, uma dádiva, quando a condição de ser vivente é mais dolorosa do que tudo, quando viver não vale a pena e a morte é um descanso eterno, das dores, das aflições, da agonia. As causas da própria morte fazem parte desse processo denominado vida, e a ocasião é uma consequência de nossas ações, por mais que às vezes pareça arbitrário. Um suicida não escolheu sua morte na hora em que bem quis mas sim porque toda a sua vida conspirou para aquele momento. Há quem diga que só se morre quando tem que morrer, e até o suicídio cai nessa resolução, posto que para que isto aconteça, o suicida deve estar em condições de dar cabo à própria vida. Se o suicida não tivesse que morrer naquela hora, quem sabe ele estaria feliz bebendo com os amigos num barzinho, ou numa viagem, trabalhando, fazendo planos... A própria vida é uma morte lenta, muito lenta, já que velhice mata. É como se começássemos a morrer a partir do nascimento, e o que fazemos até então é o que produz o momento derradeiro.
Delo v tom chto nas ne bylo do rozhdenija, no my uzhe byli v etom mire kak priroda, rozhdenija – eto transformatsija, zhizn’ – eto protsess a smert’ – vozvrashchenie. Kak nachalo, seredina i konets kotorie vseh dohodit, kto segodnja plachet dlja kogo kto umer, zavtra umret, kak vse ostal’nye. Inogda smert’ – eto uteshenie, chudo, kogda zhit’ uzhe zrja, smert’, togda, vechnyj otdyh, ot bol’nej, pechalej, agonii. Prichiny smerti javljayutsja s togo zhe protsessa kotoryj my nazyvaem zhizn’, a sobytie – eto sledtsvie nashih dejtsvij, hotja eto inogda kazhetsja narochno. Kto sam sebja ubyvaet samoubijstvom ne vybral moment svoej smerti prosto narochno no po tomu, chto vsja svoja zhizn’ konspirirovala do togo momenta. Schitaetsja chto tot kto umiraet, umiraet potomu chto vremja doshlo, i dazhe samoubijstvo sovpadaet v etom kontekste, iz-za togo, chto eto tol’ko sluchaetsja kogda chelovek umeet zakonchit’ svoyu zhizn’. Esli etot chelovek ne dolzhen byl umirat’ v tot moment, on byl by, dopustim, schastliv v bare s druz’jami s kruzhkami piva, ili puteshestvoval by, na rabote byl by, planiroval chto-nibud’... Zhizn’ sama medlennaja smert’, ochen’ medlennaja, razve starost’ ubyvaet. Eto kak budto my nachinalis’ umirat’ s rodzhenija, a to chem my zanimaemsja vsyu zhizn’ – eto put’ k poslednomu momentu.
Talvez por isso os astecas achavam a vida e a morte tão próximas, e o fato de eles já não mais existirem mostra o quão relativo tudo isso é. Assim como eles morreram, seus inimigos também morreram, assim como nós também morreremos, não há diferença, é só uma questão de tempo.
Vozmozhno imenno poetomu atsteki dumali chto zhizn’ i smert’ takie blizkie, a fakt chto atstekov uzhe netu pokazyvaet kak otnositel’nyj nash mir est’. Kak oni umerli, ih vragi tak zhe umerli, kak my tozhe umrem, bez raznitsy, eto prosto zavisit ot vremeni.
Tanja, ja voobshche ne znal chto skazat’ kogda ja uznal chto tvoj ded umer, hotja vse chto ja tut napisal ja uzhe tebe skazal. Vot tak ja ponimayu smert’, vot tak zhe moja mama umerla, uzhasnoj smert’yu, a ej smert’ ukazalas’ uteshenie. Mozhet tvoemu dedu tak zhe. Poetomu, nam nado naslazhdat’sja v etom mire, potomu chto my ne znaem to chto budet v kontse. Bud’ sil’noj kak ty i est’. Ne znayu chto ty podumaesh’ ob etom tekste, prosto ne nenavid’ menja... Chitaj tekst pro etot zhe blog, tam napisanno chto ja prosto pishu o mire, kak ja ego ponimayu, a ne kak ja hochu. Tak zhe, ne obrashchaj vnimanie na moi oshibki, mne eshche sovsem slozhno na russkoj klaviature pechatat’.
"O destino especificado é inalcançável" é uma mensagem de erro que aparece quando algo muito óbvio não foi feito. Aparecia sempre que eu tentava conectar a internet sem o modem. É como ativar o interruptor sem haver lâmpada, ligar um ferro sem a tomada, essas coisas. A partir daí tudo pode mudar. O tal destino pode ser perfeitamente alcançável, a solução pode ser extremamente simples.
"O destino especificado é inalcançável" (The specified destination is unreachable) is an error message that appears when something obviously wasn't done. I saw it every time I tried to connect internet without a modem. It's like switching lights on without lamps, turning on an unplugged iron, stuff like that. From this on, everything can change. The destination may be pretty much reachable, the solution may be extremely simple.
Já faz tempo que escrevo aqui e nunca parei pra explicar o porquê e a quê este blog se detém, não via uma razão pra isso, afinal quase ninguém vem aqui. Embora eu use muitos exemplos pessoais para embasar minhas ideias e esvazio minha cabeça das reflexões que atormentam a minha mente, aqui, em texto, este blog vai além de mim, e de você também. Por isso, desaconselho a qualquer pessoa visitar esta página, e não faço a mínima ideia de como você achou este endereço, mas ainda está em tempo de fugir. Há uma barra na parte superior da janela, clique em "próximo blog" ou algo do tipo. Simplesmente feche a janela ou apenas procure outro site. Não sei porque você continua a ler este texto, mas enfim, vou explicar por que este blog é desumano, deve ser isso que você quer saber.
It's been a long time I have been writing here, and I never stopped the machines in order to explain why and what is all this blog about. I just didn't saw a reason for it, after all, almost nobody comes here. Although I use many personal examples for illustrating my ideas and empty my head from the thoughts that haunt my mind, here, in text, this blog goes beyond me, and beyond you too. Therefore, I hereby do not recommend anyone to visit this page and I have no idea at all how come you found this adress, but you still have time to run. There's a bar attop this page, click on "next blog" or something like that. Simply shut this window or just look for another website. I don't know why you are still reading this text, but, anyway, I'll explain why this blog is unhuman, probably that's what you wanna know.
Em primeiro lugar, o conceito de desumano em geral é ligado a crueldade, a frieza e a impiedade. Não é bem isso que quero dizer aqui. O que escrevo é desumano no sentido de impessoal, desprovido de alma, de orgulho, de idiossincrasias, não representa apenas meu ponto de vista, mas além disso. Não escrevo o que escrevo porque gosto ou porque quero ver as coisas desse jeito e sim porque foi assim que concluí que elas são, além do mais, meus textos são permeados de relatividade, nada é absoluto. Por isso ninguém pode me criticar, porque eu já dou razão ao meu crítico antes de tudo, qualquer que seja seu argumento. Não que eu me preocupe com críticas.
First off, the concept of unhuman, at least in Portuguese, is associated to cruelty, coldness and impiety. That's not really what I mean here. What I write is unhuman in its impersonal sense, deprived of soul, pride and idiosyncrasies, doesn't represent just my point of view, but more than that. I don't write what I write because I like it or I wanna see things in that way, but because that's the way I concluded things are, furthermore, my texts are permeated of relativity, nothing is absolut. That's why nobody can criticize me, because I agree with the critic even before the argument was given, no matter what is the point. It doesn't mean I really give a damn to criticizing, though.
Este blog se detém a ideias, conceitos, e não a ações ou acontecimentos, mas a tudo o que está por trás deles. Suas ideias começaram a ser incubadas muito tempo antes de sua criação, quando eu me deitava e não conseguia dormir, angustiado ao pensar na magnitude do tempo, da grandeza do espaço, nessas questões que, dizem, todos pensam, "de onde viemos" e " para onde vamos". É mais como uma terapia, aqui descarrego o que me afligia, me ajuda a pensar e a clarear os pensamentos. Por exemplo, num dos primeiros textos, coletividade, em sua criação literária raciocinei, ao passo que escrevia, e conclui junto com o texto que nós somos um produto de incontáveis gerações, tudo o que usamos e o que nos rodeia assim é, nada é um indivíduo só. Em variáveis de tempo e espaço disserto sobre os conceitos que tanto me esmagavam, o infinito, o eterno. Lembro que esse foi o tema que mais me perseguiu, e eu não tinha com quem conversar. Uma vez conversei sobre isso com o meu pai e ele disse que eu era psicótico. Isso me leva a outros dois textos, utopia, no qual murmuro sobre a relação entre seres humanos, a ambiguidade de suas interpretações e ações neste plano de existência e conflitos, e velho é o mundo, em que percebo que tudo o que se passa comigo e com qualquer outra pessoa certamente já se passou com outras, passa-se agora e passar-se-há com outras. Talvez por decepcionar-me tantas vezes com esse mundo escrevi sobre o que não existe e sobre o fim de tudo, o que cai outra vez em variáveis de tempo e espaço, o fim de tudo, dentro da eternidade e a inutilidade da nossa existência. A verdade é que todas essas ideias num momento ou outro se interligam, nada é separado, tudo é algo só, assim como eu, você e este universo.
This blog is about ideas, concepts, and not actions or events, but about what is behind them. Its ideas started to be generated much earlier than its own creation, when I laid down and couldn't sleep, anguished, thinking about the magnitude of time, the grandeur of space, those questions that, they say, everybody thinks about, "where did we come from" and "where are we going to". It's more like a therapy, here I unload whatever grieved me, helps me to think and clear my own thoughts. For instance, in one of the first texts, collectivity, during its literary creation I reasoned, while I wrote, and concluded, along with the text, that we are a product of countless generations, everything that we use and is around us is like that, nothing is just an individual on its own. In variables of time and space I deal with concepts that smashed me, the infinite, the eternal. I remember that this theme stalked me the most and I had nobody to talk about it to. Once I talked about it to my father and he called me psycho. This leaded me to two other texts, utopia*, where I blurb about the relationship between human beings, the ambiguity on the interpretation of their acts on this plan of existence and conflicts, and, in as old as the bones of earth, I perceive that everything that is going on with me or anyone else certainly has already happened with other people before, happens now and shall happen with others as well. Maybe, for having got disappointed so many times regarding this world, I wrote about what doesn't exist and about the end of everything*, which, once again, boils down to variables of time and space, the end of everything into eternity and the uselessness of our existence*. The truth is that all these ideas, at some point, interconnect, nothing is separated, everything is one single thing, like me, you and this universe.
E isto tudo é posto em xeque pela ideia do nome do blog.
And all this is questioned by the idea behind this blog's name.
Nós humanos temos uma capacidade engraçada de perceber as coisas como se fossem novas, sensações, lugares, pensamentos, acontecimentos, etc. Tudo parece novo, um produto novo, um serviço novo, um lugar novo, mas na verdade, este planeta tem bilhões de anos e sequer estaremos aqui até seu fim, se é que o terá.
We, human beings, have a fancy capacity of perceiving things as if they were brand new. Sensations, places, thoughts, events, etc. Everything looks like new, a new product, a new service, a new place, but the thing is that this planet is billions of years old and we won’t even be here till its very end, in the case it is even gonna have one.
A humanidade, de fato, é nova em relação à idade deste planeta, mas ainda assim, nossa história tem se extendido por milênios e praticamente nada da nossa realidade nunca foi vivenciado por nossos ancestrais antes, especialmente no campo sensorial e emocional, que é como interagimos com este mundo.
Humankind is, in fact, new, if we compare its history to the age of our planet, but even though, our history has been running for millennia and almost nothing of our reality has never really been experienced by our ancestors before, specially in the sensitive and emotive fields, that is, the way we interact with the world around us.
Eu, nos últimos meses, estive em lugares históricos de importância mundial, como Moscou e Roma e fiquei deslumbrado com o que vi, como se tudo fosse novo, pra mim. É claro que assim o é, afinal era a primeira vez que eu ia a tais lugares, mas a história que se passou nesses lugares é muito maior do que a minha vida e a de muitas gerações. Milhões de turistas como eu estiveram lá e muitos haverão de ir e experimentar o que experimentei.
In the last months, I’ve been to places historically important to the world history, such as Moscow and Rome, and I was amazed with what I saw, as if all this were new, for me. Of course it was, for it was the very first time I’ve seen these places, but the history that happened in these places is much longer than my own life and those of many generations. Millions of tourists like me have been there, and many others are to come and experience what I experienced.
O que nos faz pensar que o que nunca vimos antes nos parece novo é que não partilhamos das vivências de nossos ancestrais e o fato é que quase toda a humanidade tem menos de cem anos. Muito absorvemos dos conhecimentos das gerações anteriores, mas tudo ainda nos parece novo, sob a nossa própria ótica. O mesmo com os sentimentos. Amor, ódio, alegria, tristeza, esperança, saudade, agonia, prazer, todos são tão antigos quanto a própria raça humana, mas sempre nos parece algo novo e de nenhum modo estes mudam com o passar das gerações, porque estão sempre sendo vivenciados por novos olhares, novos corpos e novas vítimas.
What makes us think that what we’ve never seen before is really new is that we don’t share the life-time experiences of our ancestors and the fact is that almost the whole humankind is less than one hundred years old. Many things we learn from the knowledge acquired by those who lived before us, yet, everything looks new for us, when it comes to our view point. The same thing with feelings. Love, hatred, happiness, sadness, loneliness, agony, pleasure, they’re all as old as the human race, but they always looks like something new for us, and no matter how many generations are born and experience them, they don’t really change, because they’re always being experienced by new view points, new bodies and new victims.
Our history is merely a repetition of what happened before, either in ancient Egypt or in New York, no matter if in the ourtskirts of a contemporaneous city or within the caves of the ancient Homo Sapiens. The truth is that what differs us from each other is the technology that we develop and its consequences give no more than new labels to what already existed. The needs are always the same and what happens with you right now surely already happened with someone else before, probably is happening with someone now and shall happen with many others in the future. We just never experienced these situations through someone else’s eyes, we’re trapped inside our bodies and just think nobody understands us.
--
*Literally, the original title, in Portuguese, means “Old is the world” but I prefered to translate it using a song’s name by the band Dargaard, “As old as the bones of earth”, which fits better and brings some more information. Worth listening to.
Ultimamente tenho percebido cada vez mais claramente como as nossas vidas estão imbutidas em intervalos. A simples pergunta “Como vai?” deixa isso bem claro. Se pararmos pra pensar, estando bem ou mal agora, é só uma questão temporal, um intervalo entre a última vez que você esteve bem ou mal antes. Mais do que isso, às vezes esquecemos de como estávamos antes e o que fazer, ou não, para mudar o agora.
Lately, I’ve been perceiving clearer and clearer how much our lives are embedded in intervals. The simple question “How are you?” makes it clear. If we bethink, wether you are good or not now is just a matter of time, an interval between the last time you were good or bad before. Moreover, sometimes we forget how we were before and what to do, or not, to change now.
Um exemplo disso, que me fez refletir, foi minha viagem à Itália. Eu havia passado 3 meses na Rússia antes disso, e fui na Itália visitar meu irmão, para voltar e passar mais 3 meses na Rússia. O fato é que viagei tanto nesse período de cerca de um mês que passei fora que às vezes eu me esquecia do plano inicial. Eu estive em 6 cidades em dois países em cerca de 8 dias. Chegava a um ponto que eu me esquecia da minha meta inicial e até pelo fato de a viagem de volta ainda não estar completamente garantida (faltava fazer outro visto pra voltar) eu me sentia como se eu nunca fosse voltar a lugar nenhum. Eis que tudo passou, e agora, é como se eu nunca tivesse saído da Rússia. Percebi que tudo que vivenciei, tudo que passei, os lugares por onde passei, as coisas que experimentei, as pessoas que conheci, o ar que respirei, e tantas coisas mais foram apenas um intervalo entre 21 de novembro e 25 de dezembro (que, por sinal, não é natal aqui, mas sim, coincidentemente, hoje à noite, 6 de janeiro) de 2009.
An example, that made me wonder about this, was my travel to Italy. I had been in Russia for 3 months before it and went to Italy to visit my brother and then go back to Russia for more 3 months. The point is that I had been travelling so much then, in this period of about one month that I’ve been out, that sometimes I forgot the initial plan. I’ve been to 6 cities in 2 countries in about 8 days. Sometimes it came to a point that I even forgot that I had to go back to Russia, even because the way back was not 100% certain, as I still had to get another visa for heading back, and I eventually felt I was not going back anywhere anymore. Finally, everything is gone and now it’s like I never left Russia. I realized that everything that I’ve been through, all the places where I’ve been to, the experiences I had, the people I met, the air that I breathed and so much more things, were actually just a break between november 21 and december 25 (which, by the way, is not christmas here, coincidentaly it is tonight, january 6th), 2009.
Algo semelhante eu sentia quando trabalhava de madrugada e estudava de dia. Eu dormia das 9 da manhã até o meio-dia, ia pra faculdade e voltava por volta das 6 da tarde, pra dormir mais um pouco antes de voltar pro trabalho. Parecia que a faculdade era só um intervalo do meu sono, assim como quem dorme, acorda, bebe um pouco d’água e volta a dormir. Mais do que isso, minha vida era o intervalo do meu trabalho, uma mera pausa, já que eu voltava do trabalho às 9 da manhã e voltava pra lá às 9 da noite.
Something similar came to my mind when I worked night shift and studied day time. I slept from 9am to noon and then went to the university, and came back home around 6pm, to sleep a little bit more before going back to work. It looked like university was just a mere break in my sleep time, like when someone is sleeping, wakes up, drinks some water and goes back to sleep. Furthermore, my whole life was the interval of my job, a mere break, once I came back from work at 9am and went back there at 9pm.
Certamente, quando eu voltar pro Brasil, encerrarei mais esse intervalo que foi a Rússia (Alemanha, Itália e Vaticano, exterior, de um modo geral), mas aí me pergunto: e se eu voltar?
O que determina tudo é a quantidade, e, porque não dizer, a intensidade. Por isso, pessoas me acham otimista quando alguém me diz que está com dor de cabeça, e eu respondo “que bom! Sinal de que geralmente você não tem dor de cabeça, de outro modo você estaria feliz quando não a tivesse”. Mas essa é a verdade, e a vida é uma alternância constante de valores, o bem e o mal, a dor e o prazer, a tristeza e a alegria, dias úteis e fins-de-semana e por aí vai. Um depende da existência do outro e por vezes são relativamente idênticos, como quando eu trabalhava literalmente todos os dias, pra mim, fins-de-semana e dias úteis eram iguais, assim como quando se está de férias, todos os dias são fins-de-semana ou feriados. A verdade é que são todos conceitos e nada disso rege a matéria.
Certainly, when I go back to Brazil, I’ll finish this interval that was Russia (and so Germany, Italy and Vatican, this whole period abroad, generaly), but then I wonder myself: what if I come back here?
The most important is the quantity, and, why not, intensity. That’s why people may think I’m an optimist when somebody tells me s/he has a headache and I retort “that’s good! It means that you usually don’t have headaches, otherwise you’d be glad when you don’t have one”. But that’s the truth, and life is a constant alternation of values, the good and the evil, pleasure and pain, sadness and happiness, work days and weekends and so on. One depends on the other's existence and some times they’re relatively identical, like when I worked literally every single day, for me, weekends and work days were completely alike, just like on vacations, all the days are like weekends or holidays. The truth is that they are all concepts and none of them rule the common matter.