quarta-feira, 30 de julho de 2008

Variáveis de tempo e espaço

Espaço e tempo são as grandezas que regem nossa existência neste plano, medindo o quanto vivemos e as dimensões do mundo em que vivemos. Embora pareçam muito diferentes, a maneira como as percorremos é semelhante: assim como ando 1km, 1 hora se passa, para que eu percorra tal distância, suponhamos. Às 15:08:47 do dia 30 de Julho de 2008 DC, no local de coordenadas 12°50'57.97" S 38°31'00.36" O, tem um sujeito escrevendo umas bobagens para postar num blog de nome esquisito. Nem antes nem depois, naquele local, nem mais ao Sul nem mais ao Norte, àquela hora. Tudo que acontece neste planeta e adjacências está preso a esta variável de tempo e espaço. As retas deste verdadeiro plano cartesiano, X (tempo) e Y (espaço) são infinitas, até que se prove o contrário. Ora, se o Universo é infinito, a única unidade de medida de tempo aí aplicável para percorrê-lo é a eternidade...

Nosso mundo tem essa particularidade, de podermos ir e voltar, no espaço, mas nunca no tempo. Não podemos voltar no tempo e desfazer algo que fizemos, mas podemos voltar a um lugar e pegar algo que esquecemos. Fico imaginando se existe algum lugar nesse vasto Universo onde se pode voltar no tempo, mas não no espaço. Não saberia explicar tal realidade, mas posso dizer que o tempo não existe de fato, e que o espaço não tem tamanho definido. Tudo depende de uma referência. 1000km é uma distância muito grande para se percorrer a pé, mas é muito curta para se percorrer com um jato. A pirâmide de Quéops, no Egito, é a mais alta do mundo, mas se comparada ao monte Everest, ela é minúscula. 1 segundo pode não parecer nada para a maioria das pessoas, mas pode fazer diferença no podium de um GP de Fórmula 1. Quando dormimos, não sentimos o tempo passar, assim como o tempo não passa para uma sequóia milenar do mesmo jeito que passa para nós humanos. O tempo existe apenas para quem pode senti-lo, afinal, o que nos faz percebê-lo é o envelhecimento de nossos corpos e do ambiente ao nosso redor, os ciclos de nascimento, amadurecimento e morte, os movimentos de rotação e translação, mas no fim das contas, os dias são essencialmente iguais. E se houvesse três sóis ao nosso redor, que nunca deixassem anoitecer? Tudo seria igual, não haveria a noção do passar dos dias.

Com o espaço é a mesma coisa. A galáxia onde vivemos pode ser microscópica para um ser de dimensões incomensuráveis, grande o suficiente para tanto. E este mesmo ser poderia ser igualmente microscópico, para um ser incomensuravelmente maior do que ele. Onde está a nossa vasta Via Láctea? Ela não é nada... Ainda assim, nós seres humanos estamos condenados a nos sentir pequenos neste planeta, o que na verdade não quer dizer nada. O Universo inteiro poderia ser tão grande (ou pequeno) como o nosso planeta, para seres proporcionalmente pequenos para ele, e grandes para nós. O infinito não é tão grande a ponto de esmigalhar o que de menor tem em si. Um grão de areia ocupa seu lugar no Universo, por menor que seja. Da mesma forma, a eternidade não pode obliterar um segundo do mínimo ato que foi feito em seu decorrer. Tudo está salvo. Condenados ou não a perdermos tudo o que alcançamos e sermos varridos pela imensidão do tempo e espaço, como se jamais tivéssemos existido, tudo o que fizemos e tudo o que tínhamos está em algum lugar do espaço-tempo. Basta haver meios de locomovermo-nos através de suas coordenadas cartesianas, como X = 15:08:47 de 30 de Julho de 2008 DC , Y = 12°50'57.97" S 38°31'00.36" O...



-Variables of time and space

Time and space are the magnitudes that rule our existence in this plan, measuring how much we live and the dimensions of the world where we live. Although they may look very different from each other, the way we compass them is similar: just like I walk 1km, 1 hour is elapsed, in order to cross this distance, let’s suppose. At 03:08:47pm, of july 30, 2008 AD, at the coordinates 12°50'57.97" S 38°31'00.36" W, there’s a slob writing some blurbs in order to post something at a weird named blog. Neither before, nor after, at that place, neither southernwards or northernwards from there, at that hour. Everything that happens in this planet and around it, is bound to the variable of time and space. The lines of this true cartesian coordinate system, X (time) and Y (space) are infinite, until opposite is proven. Well, if Universe is infinite, the only measurement unit applicable to encompass it is eternity...

Our world has this particularity, where we can go and come back, in the space, but never in the time. We cannot go back in time, and undo something we did, but we can come back to a place and get back something that we forgot. I keep imagining if there is a place in this enormous Universe where one can go back in time, but not in space. I wouldn’t know to explain such reality, but I can tell that time doesn’t really exist, and space itself doesn’t have an actual size. Everything depends on a reference point. 1000km is a very big distance to be run on foot, but it’s pretty short to be flown by a jet. The Cheops pyramid in Egypt is the world’s tallest, but if compared to mount Everest, it’s minuscule. 1 second may not seem a lot of time for most of people, but it can make the different at the podium of a Formula 1 GP. When we sleep, we don’t feel time elapsing, just like time doesn’t elapse for a millenarian sequoia likewise it elapses for us humans. Time exists only for those able to feel it, after all, what makes us feel it is the aging of our bodies and the enviroment around us, the cycles of birth, raise and death, the movements of rotation and translation, but eventually the days are basically equal. What if there were three suns around us, that would never let night come over? Everything would be equal, there wouldn’t be a notion of days elapsing.

It’s the same about space. The galaxy where we live may be microscopic for a being of unmeasureable dimensions, big enough for that. And this given being could be just as microscopical compared to another being, unmeasureably bigger than him. Where is our Milky Way? It is nothing... But then, we human beings are doomed to feel ourselves small in this world, what, as a matter of fact, doesn’t mean a thing. The whole Universe could be as big (or as small) as our planet, for proportional sized beings. The infinite isn’t big enough to overwhelm even the smallest thing within itself. A sand grain occupies its place in the Universe, even being so small. In the same way, eternity can’t erase even a second of the minimal act that was made during its extent. Everything is saved. Doomed or not to lose everything we’ve reached, and be wiped out by the enormousness of time and space, as if we had never existed, everything that we’ve done and everything we had will be somewhere in the space-time. Let there just be means of locomotion throughout its cartesian coordinates, such as X = 03:08:47pm, of july 30, 2008 AD, Y = 12°50'57.97" S 38°31'00.36" W...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Deus Cultural

Meu pai costuma agradecer a Deus por tudo de bom que (lhe) acontece. Ele acredita no “Deus das coisas boas”, o Deus católico, o qual nunca faria nada de mau. Mau é outro departamento, onde o buraco é mais embaixo. Tudo é muito simples: as coisas boas vêm de Deus, as más do Diabo. A forma de pensar do meu pai é um simples reflexo da crença católica. Lembro-me de meu irmão que dava graças a Deus pelas coisas boas e ruins (quase sempre ironicamente), e justificava isso dizendo que Deus simplesmente é responsável por todas as coisas, independentemente de sua natureza. Eu penso um pouco diferente. Talvez a mistura dos dois pontos de vista. Eu acredito em um Deus, que muitos chamam de diversos nomes, como Natureza e Universo. Eu acredito que Deus é tudo o que nos rodeia, tudo o que não podemos criar, como até mesmo um grão de areia. Não podemos criar um grão de areia, mas podemos erodir uma pedra até transformá-la em areia. Esse é o poder do ser humano, a transformação. Transformamos coisas, mas nunca realmente as criamos. Eu acredito que esse Deus, que nos rodeia e do qual nós mesmos fazemos parte (por que nem nós mesmos nos criamos) encerra em si tudo o que há de bom e de ruim. Logo, concordo com o meu irmão quando ele dá graças a Deus por tudo de bom e de ruim que acontece.

O Deus de meu pai é o da maioria das pessoas, o qual nos deu a vida, nos alimenta e nos abençoa. Esse é um Deus inventado pelos homens, e não tenho motivos para idolatrá-lo como se eu tivesse implorado-o para nascer, e ele tivesse me concedido uma (curta) vida, para venerá-lo por ter-me concedido-a. É o mesmo que ser grato aos nossos pais por nos terem concebido. Não lhes pedimos tal coisa, ninguém pede para nascer. E de qualquer forma vamos morrer, e ninguém realmente sabe o que acontece após a morte. Eu nunca morri para saber. E esse Deus inventado pelos homens, o Deus cultural, cada um idealizado por um povo, dentro de suas religiões, igualmente produtos culturais endêmicos, que levam a crenças de vida após a morte, dependentes de suas visões e credos. Para onde iremos? Para o céu, purgatório ou inferno cristãos, ou para o Paraíso de Tlaloc, o submundo de Mictlán ou paraíso de Huitzilopochtli, donde voltaremos à terra em forma de colibris após uma jornada de 4 anos? Regressaremos ou Progrediremos a planetas astrais à procura de Krishnaloka? Ascenderemos aos 13 mundos celestes para bater papo com o Senhor Itzamná, ou será que lá encontraremos Ahura Mazda? Um momento, cadê as dezenas de virgens à minha espera??? Será que todos esses destinos dependem de nossa crença? Se eu acreditar nas virgens no paraíso, esperando-me para serem defloradas, eu as alcançarei? Particularmente acho que a morte é como o sono. Quando dormimos perdemos noção de tudo, até mesmo de que outrora fomos vivos. Que dádiva é o sono. Não há guerras, nem fome, nem dor, nem sofrimento quando dormimos. Tudo acaba. Mas, se a morte é como o sono, o que dizer dos sonhos? Biologicamente falando, não deveria haver nada parecido quando morrêssemos, porque os sonhos são pensamentos que temos enquanto dormimos, e se estivéssemos mortos, nosso organismo já não mais estaria funcionando.

Agora voltando à primeira frase deste texto. Concordo com o meu pai. Nossas vidas estão eternamente ligadas a tantas variáveis que se encaixam de modo a nos tornar possíveis todas as coisas. Ele comprou um computador recentemente, não o ganhou, comprou-o com o suado dinheiro de sua aposentadoria. O duro de uma vida inteira de árduo trabalho para o estado brasileiro, reduzido pelo adicional de periculosidade. E dá graças a Deus. Para comprá-lo hoje, 16 de julho de 2008 (data da compra), ele precisou trabalhar, se aposentar, sobreviver no mundo de hoje, vivendo uma vida digna. De tudo isso dependeu a compra do tal computador. E se ele não estivesse mais entre nós, como tantos colegas de profissão que teve não mais estão? E se ele fosse um foragido, tivesse uma ficha criminal suja, fosse um louco, um indigente? Essas coisas não dependem só da nossa vontade. As variáveis da vida de meu pai conspiraram de modo a possibilitá-lo comprar o computador que ele queria. Demos, pois, graças ao Deus das coisas boas, que se encerra no Deus supremo, Universo, mestre das variáveis, aquele que nos dá vida, não para que o idolatremos, mas para que façamos parte dele.



-Cultural God


My father thanks God for every good thing that happens (to him). He believes in the “God of the good things”, the catholic God, who would never do any bad. Bad is from another department, downstairs. Everything is just simple: good things come from God, the bad ones, from Devil. My father’s way of thinking is just a reflex of his catholic creed. I remember my brother thanking God for whatever would happen, good or bad (on the latter, usually ironically), justifying it saying that God is responsible for whatever happens, regardless its nature. I think a little bit differently. Maybe a mix of both points of view. I believe that God is everything around us, everything that we cannot create, like a sand grain. We cannot create a sand grain, but we can erode a stone until it becomes sand. That’s the human power, transformation. We transform things, but we never really create them. I believe that this God that exists around us, from whom we are part of (because not even ourselves we created) contains inside him every good and bad things. Thus, I agree with my brother, when he thanks God for everything, good or bad, that happens.

My father’s God is the one of most of people, the one who gave us life, feeds us and blesses us. That is a God invented by the people, and I have no reasons for worshipping him, like if I had begged him to get born, and he had granted me (a short) life for worshipping him for having given it to me. It’s the same as being grateful to our parents for having given birth to us. We didn’t ask them for it, nobody asks for getting born. And we’re gonna die anyway, and nobody knows what really happens after death. I never died to know. And this God invented by the men, the cultural God, each one idealized by its people, within their religions, equally endemic culture products, that lead their after death beliefs, depending on their view and creed. Where are we going to? To christian heaven, purgatory or hell, or to the Tlaloc’s heaven, underworld of Mictlan or Huitzilopochtli heaven, where we’ll return to Earth as humming birds after a 4 years journey? Will we regress or progress the astral planets in search for Krishnaloka? Will we climb up the 13 celestial worlds to have a talk to Lord Itzamna, or there will we find Ahura Mazda? Just a moment, where are the dozens of virgins waiting for me??? May be all these destinations depend on our beliefs? What if I really believe on the virgins in heaven, waiting for me to deflower them, will I reach them?

Particularly I think that death is like sleep. When we sleep we lose notions of everything, we forget even that we once were living. What a gift is sleep. There are no wars, nor hunger, nor suffering when we sleep. Everything ends up. But, if death is like sleeping, what about the dreams? Biologically speaking, there shouldn’t be anything like that when we die, because dreams are thoughts we have whilst we sleep, and if we were dead, our organisms wouldn’t work anymore.

Now, going back to the text’s first sentence. I agree with my father. Our lives are eternally bound to so many variables that attach on each other, thus making everything possible. He bought a computer recently, didn’t gain it, bought it with his retirement’s sweaten money. The hard work of an entire life dedicated to the brazilian state, reduced by hazard pay. And he thanks God. In order to buy it today, july 16th, 2008 (date of purchase), he needed to work till retirement, survive in this world till this very day, living honestly. The computer’s purchase depended on all that. What if he weren’t amongst us any more, just like many of his former job colleagues aren’t? What if he were an outlaw, had a stained criminal profile, were insane, or a beggar? All these things don’t only depend on our will. The variables of my father’s life have conspired on his behalf, on a way that it was possible for him to buy the computer he wanted. Then, let’s thank the God of the good things, which dwells within the supreme God, Universe, master of the variables, He who gives us life, not for us to worship him for it, but for being a part of himself.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Armas

Em várias obras de ficção, científica ou não, o imaginário do homem criou seres mitológicos, monstros e criaturas ameaçadoras, tais como ogros, dragões e demônios de outros mundos. No entanto, no nosso chamado mundo real, até onde se saiba não existem tais criaturas, mesmo assim, o poder bélico do ser humano se desenvolveu absurdamente, e não para se defender de seres mitológicos ou de monstros de outros mundos, mas para se defender dele mesmo. Qual dragão de contos medievais resistiria ao poder de uma bomba atômica? O que dizer de pobres trolls indefesos diante de um míssil Tomahawk? Ou de ogros agonizando sob o efeito de bombas Napalm?

Recentemente, pesquisando sobre o arsenal da antiga União Soviética, hoje herdado principalmente pela Rússia, soube da existência de uma bomba chamada pelos russos de “RDS-220”, codinome “Ivan”, conhecida no ocidente como “Tsar Bomba” (Imperador das Bombas), pesando 27t e medindo 8 metros de comprimento por 2 de largura, trata-se nada mais nada menos que a arma mais poderosa de todos os tempos. Seu poder de destruição é de 50 megatons, ou seja, 50 milhões de toneladas de TNT, embora na verdade seu projeto inicial era de 100 megatons, mas seus desenvolvedores acharam melhor reduzir para “apenas” 50 megatons porque o impacto de sua detonação poderia afetar o próprio território russo e parte da Escandinávia (o local de testes foi no arquipélago de Novaya Zemlja, entre os mares de Barents e Kara, Oceano Ártico), além de tornar impossível o retorno do avião que a lançaria, tornando a missão suicida para a tripulação. O teste foi levado a cabo no dia 30 de outubro de 1961, às 11:32 da manhã. A bomba foi lançada de uma altura de 10km, e foi detonada a 4km de altura. O impacto foi tão gigantesco que o cogumelo formado pela explosão alcançou 60km de altura, podendo ser visto a mais de 1000km de distância. Um ser humano a uma distância de 100km do centro da explosão teria queimaduras de 3º grau, sem contar os impactos radioativos. A onda sísmica provocada pela explosão varreu o planeta três vezes, até se dissipar, atingindo em torno de 5 graus na escala Richter.

Longe de mim criticar a Rússia ou a finada URSS, mas o que quero mostrar com tudo isso é que tal arma absurdamente poderosa foi criada por seres humanos contra seus próprios semelhantes, isso sem contar que essa é apenas uma das milhares de bombas nucleares mundo a fora, pertencentes a forças armadas que somam centenas de milhões de soldados que queiram ou não são treinados para matar seus próprios semelhantes. Não consigo imaginar a que ponto chegaríamos se realmente existissem os monstros de ficção científica ou estórias de terror. O que mais me deixa triste é que muitas guerras acontecem pelo interesse de apenas uma pessoa, ou um grupo de pessoas, causando a morte de milhões de inocentes, ao longo da história. Curiosamente, caro(a) leitor(a), nossas vidas podem estar sendo poupadas justamente através de toda essa beligerância. É a paz armada. O “equilíbrio” alcançado com o advento das armas nucleares no pós segunda-guerra mundial e posterior guerra fria. Mas esse medicamento teoricamente só previne ocorrências de conflitos de proporções mundiais. E ele é caro demais para as nações mais pobres.



-Weapons

On many fiction novels, science ones or not, peoples’ imagination has created mythological beings, monsters and menaceful creatures, such as ogres, dragons and demons from other worlds. Although in our real world, as long as it’s been known, there really aren’t such creatures, human military power has been developped to an absurd level, and that’s not for defense against mythological beings or monsters from other worlds, but for defending men from themselves. What kind of dragon would be able to undergo an a-bomb blast? What about defenseless trolls before a Tomahawk missile? Or ogres squirming under Napalm effect?

Recently, researching about the arsenal of former Soviet Union, nowadays inherited by Russia, I found out the existence of a bomb called by the russians “RDS-220”, codename “Ivan”, known in the west as “Tsar Bomba” (Emperor of Bombs), weighing 27t and measuring 8m long, 2m wide, it’s merely the world’s most powerful weapon ever built by humans. Its destruction power is 50 megatons, that is, 50 million tons of TNT, although its original project aimed 100 megatons, but its developpers had better to decrease it to “just” 50, because the blast impact could affect northern Russia and Scandinavia (the ground zero was located in northern Novaya Zemlja archipelago, between Barents and Kara seas, Artic Ocean), besides, it would make the mission suicidal for the plane’s crew. The test was done on october 30, 1961, 11:32am. The bomb was launched from 10km high, and set up to blast at 4km from the ground. The blast was so terrific that its mushroom cloud reached up to 60km high, and it could be seen from over 1000km away. Anyone who would be at least 100km away from its center would have had 3rd degree burns, besides radioactive effects. It resulted in a sismic wave that crossed the whole planet three times until it vanished, reaching around 5 degress of Richter magnitude.

Not likely to criticize Russia or deceased USSR, but what I want to show with all this is that such an absurdly powerful weapon was created by human beings against themselves, not counting that it’s just one out of thousands of a-bombs worldwide, belonging to countries’ armed forces that sum up over dozens of millions of soldiers that, want it or not, are trained to kill their own fellow men. I can’t imagine to what extent human military would have come, if sci-fi or horror tales’ monsters really existed. What makes me sad is that much of the wars throughout history have been waged on behalf of one person, or a few people, causing death and destruction to millions of innocents. Curiously, dear reader, our lives may be having saved by all this military force. It’s the armed peace. The “balance” reached upon the arrival of nuclear weapons, after WWII and Cold War. But this medicine theoretically only prevents a worldwide conflict. And it’s too expensive for the poorest nations.

Coletividade

A coletividade da raça humana está profundamente arraigada no cerne de cada célula de nosso corpo, em cada aspecto da nossa existência. Estas palavras que aqui escrevo, uma a uma, foram pronunciadas e/ou escritas por outras pessoas, das quais tive algum contato durante a minha existência. Este texto, meramente é um compêndio de vocábulos e termos ordenados de tal forma a expressar minhas idéias, mas no fundo, são todas palavras que aprendi com os meus pais, na escola, na tv, etc., ao longo da minha criação. Mas isso é um aspecto exacerbadamente superficial da nossa existência, posto que ainda que a fala seja um instrumento quase tão antigo quanto o próprio homem, ainda é algo novíssimo, comparado ao que minha fugaz dissertação trata.

Toda nossa existência, de todos nós seres vivos, está inserida num contexto coletivo. Nossa carne, nosso sangue, nossos ossos, são frutos do feto que foi carregado no útero de nossas genitoras, que por sua vez veio de um espermatozóide que nadava outrora no epidídimo dos testículos dos nossos genitores. Nosso corpo vem da alimentação que nossas mães tiveram, tudo em nós foi gerado a partir de outrem. A roupa que nós vestimos foi desenhada e confeccionada por indústrias têxteis, que foram concebidas pelas mentes de nossos antepassados. Nem o que pensamos é totalmente original. Até nossos pensamentos seguem uma cadeia linear para se multiplicarem, pois nos é praticamente impossível pensar em algo totalmente original, sem que haja um pensamento prévio que o dê origem. Desde minha infância penso nisso. Uma vez, tentei pensar em algo totalmente independente de outro pensamento, um verdadeiro “pensamento infundado”, que não fosse proveniente de um anterior, por mais remoto que parecesse. Eis que um pensamento novo me veio à mente, de um lugar aparentemente desconhecido, algo que não me passara pela cabeça em momento algum: esquimós! Sim! Nada me fizera levar a pensar em esquimós, assim, esse parecia ser um pensamento original, infundado. Mas então me desapontei, pois descobri o porquê de ter pensado no dito grupo étnico: certa feita, meu irmão me contava sobre um professor de artes que ele teve, que falava freneticamente e de forma desconexa sobre assuntos – no ponto de vista de meu irmão – totalmente diversos entre si. Em um de seus trejeitos, imitando o tal professor, ele me disse “Ora, ele está conversando com você sobre Rembrandt, e de repente fala sobre McDonald’s, então sobre música, então sobre esquimós...”. É, por alguma razão guardei essa fala em meu inconsciente, e eis que os esquimós surgem, como um exemplo de pensamento desconexo, sem lógica, usado pela minha mente para objetivar meu anseio. Mas a memória a traiu. Ou não? Será que o tal professor de artes era de fato um indivíduo capaz de pensar livremente, sem a tal cadeia de pensamentos?

Mas a coletividade de que falo vai além. Além do raciocínio, além da raça humana. Neste nosso plano de existência, todos os seres vivos, e talvez até mesmo os objetos inanimados estão presos a essa cadeia. Este computador no qual digito este texto, este programa que estou usando para fazê-lo, o teclado sobre o qual o digito, a cadeira sobre a qual estou sentado, tudo foi imaginado pelos nossos antepassados e contemporâneos. Tudo tem uma história por trás. Acredito que esta seja a essência da vida nesta terra, queiramos ou não, já nos acostumamos tanto...

Eis que tive um breve pensamento. Indaguei-me como seria um mundo em que cada indivíduo fosse independente. Independente de tudo, literalmente. Ele não veio de ninguém, ele nasceu por si só, do nada, aliás, nem do nada. E se cria só, sem influência de nenhum outro ser vivo, quiçá nem da natureza. Ele não usa nada que lhe fora projetado ou desenvolvido por outrem, para uso específico ou em massa, se por um acaso houvesse outros seres como ele. Ele não utiliza uma língua criada por outros, mas sim uma sua, só sua. Ele nomeia seus próprios sentimentos, ele se expressa da maneira como sente vontade. Por fim, seus pensamentos não são presos a outros, ele pensa sobre tudo, à sua maneira, pensamentos totalmente infundados. O que seria esse ser? Uma aberração? Um deus? Um desafio às leis do Universo? A personificação (termo certamente errôneo) da liberdade incondicional, de tudo e de todos, caminhando sobre a superfície de algum planeta inóspito?



-Collectivity


Human collectivity is deeply rooted in the kernel of each cell of our bodies, in every aspect of our existance. These words that I hereby write, each one of them, have been previously pronounced and/or written by other persons, with whom I’ve had some sort of contact during my existence. This text merely is a compendium of words and terms set up in a fashion that enables me to express my ideas, but as a matter of fact, they’re all words that I’ve learned from my parents, at school, watching tv, etc., since I was born. But that’s a way too superficial aspect of our existence, for albeit speech is a human communication tool almost as ancient as mankind itself, it still is pretty new compared to what my humble essay deals about.

All our existance, of all us, living beings, is inserted in a colective context. Our flesh, our blood, our bones, are come from the foetus once carried by our mothers in their wombs, originated by the seed from the scrotum of our fathers. Our bodies are come from the food our mothers ate, moreover, everything in us is come from someone else. The clothing we wear comes from textile factories, conceived by the minds of our ancestors. Neither what we think is completely original. Even our thoughts follow up a linear chain of thinking in order to multiply themselves, because it’s nearly impossible for us to think about something completely from nothing, without a previous thought to give it birth. Since my childhood I’ve been thinking about it. Once, I tried to think about something completely independent, a true “sourceless thought”, not come from a previous one, even that very different from it. Then a brand new thought came up into my mind, from some apparently unknown place, something that had never passed by my head, in any moment: Eskimos! Yes! Nothing had driven me towards thinking about Eskimos, thus, that sounded like an original thought, sourceless. But then I got disappointed, because I found out why I thought in such ethnic group: One time, my brother was telling me about some arts teacher he had, who spoke frantically, talking nonsense about subjects that – according to my brother – had nothing to do with one another. Imitating him, my brother gave me a sample: “Well, he’s talking about Rembrandt, and then about McDonald’s, and then about music, and then about Eskimos...”. Yes, for some reason I bore that speech in my unconscious, and at last the eskimos arise, as an example of sourceless thought, not logical, used by my mind to reach my goal. But memory betrayed it. Or not? Perhaps that arts teacher was in fact someone able to think freely, without that chain of thoughts?

But the collectivity that I’m talking about goes beyond. Beyond reasoning, beyond human race. In this plan of existance, all living beings, and perhaps even the still objects are bound to this chain. This computer where I’m typing this text, this software that I’m using for it, the keyboard through which I’m typing, the chair where I’m sat down, everything was conceived by our ancestors and contemporaries. Everything has a story behind it. I believe that that’s the essence of life in this planet, may we want it or not, we’re so used to it...

But then I had a brief thought. I asked myself how would be a world where each individual were independent. Independent of everything, literally. He didn’t come from anybody, he was born on his own, out of nothing, actually, not even from nothing. And raises himself up, without influences from any other living being, perhaps not even from nature. He doesn’t use anything projected or developped by anybody else, either for specific or mass use, in the case there would be others like him. He doesn’t speak a language created by someone else, but his own language, only his. He names his own feelings, he expresses himself the way he wants. Finally, his thoughts aren’t bound to others, he thinks about everything, on his way, completely sourceless thoughts. What would be that being? An aberration? A god? A challenge to the rules of Universe? The personification (certainly a wrong term) of unconditional freedom, of everything and everyone, walking on the surface of some inhospitable planet?

Oi

Você pode passar a noite aqui, se quiser.


-Hi

You can spend the night here, if you want.