terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A inexistência

The inexistence

Algo que sempre me fascinou foi especular sobre o que não existe. O que não ocorreu, o que não chegou, o que não nasceu, o que não vingou. Pode parecer perda de tempo, mas nós mesmos poderíamos nunca ter existido, e que diferença faria? Nenhuma, nem para nós mesmos, afinal, nunca teríamos existido. Acho graça ao imaginar quantos atletas fantásticos não estão nas olímpiadas por que nunca tiveram condições para se dedicar inteiramente ao esporte, quantos tiveram acidentes e não puderam praticá-lo, quantos tiveram que desistir... Quantos líderes mundiais morreram na infância, quantas chances do mundo ter sido outro foram perdidas porque gerações inteiras foram ceifadas em grandes guerras. E se no nosso mundo os mortos voltassem junto aos seus descendentes que nunca nasceram, como se tivessem sempre vivido? O meu maior amigo nunca nasceu porque seu tataravô morreu numa guerra ou foi vitimado por alguma doença. A cura para o càncer não foi encontrada porque seu inventor nunca nasceu.

Something that has always fascinated me is to think about what doesn’t exist. What didn’t happen, what didn’t arrive, what was never born, what didn’t grow up. It may sound like a waste of time, but even we could have never existed ourselves, and what would be the difference? None, neither for us, after all, we would have never existed anyway. I find it funny to imagine how many amazing athletes are not competing in the Olympic Games because they never had enough conditions for dedicating themselves entirely for the sport. How many had accidents and couldn’t practice it, how many had to give up… How many world leaders died in their childhood, how many chances the world lost of being different because whole generations perished in great wars. What if the dead came back together with their descendents that were never born, as if they had been living to this very time? My best friend was never born because his great grandfather died in a war or was killed by some illness. The cure for cancer has never been found because its inventor was never born.

Fico pensando se há uma vida como esta nossa após a morte, e, se realmente houver, lá haveria de ter gente como nós, gente bonita, feia, rica, pobre, preta, branca, jovem, velha, boa, má... Afinal idade, credo, cor ou índole não são critérios para a dona morte, que todos leva.
O que me encanta na inexistência é o espaço que ela reserva e a incerteza que ela nos deixa. Tudo que se pode ver e tocar é de certa forma vulnerável, limitável e dizível, mas o que não existe é divino, é supremo, é intocável, é intangível, é imortal. Talvez, de certa forma, esta tenha sido a razão pela qual passei meses sem escrever aqui, pois admiro a folha em branco e as infinitas possibilidades que ela encerra na sua simplicidade de ser vazia. Até porque tudo é relativo e assim, tudo que escrevo aqui é tão bom e útil quanto o nada. Talvez eu nunca devesse ter escrito nada, sequer estas palavras, que diferença faria? A essência delas está em todos nós, no que existe e no que inexiste, pois sem a existência a inexistência absorveria a ela mesma, não haveria diferença nem ninguém vivo capaz de notá-la.

I wonder if there’s a life like ours after death, and if there really is, there would be people exactly like us, beautiful, ugly, rich, poor, black, white, young, old, good, evil people... All in all, age, creed, skin color or personality are not criteria for lady Death, who takes us all.
What delights me on the inexistence is the space that it reserves and the uncertainty that it leaves for us. Everything that can be seen and touched is, somehow, vulnerable, limited and understood, but what doesn’t exist is divine, supreme, untouchable and immortal. Maybe, somehow, that’s the reason for me to have passed months without writing here, just because I admire the white sheet and the endless possibilities that it bears inside itself, on its way of being simply empty. Even because everything is relative and thus, all that I’m writing here is as good and useful as nothing. Maybe I should have never written anything, even these words. What would be the difference? Their essence is inside all of us, in what exists and in what inexists, for without the existence, the inexistence would absorb itself, there would be nobody alive, able to notice it.

Talvez seja por isso que existimos, para meditar sobre tamanho prodígio que é a criação e a ruptura do que não existia. A existência por si só não é completa, sem o outro. Se tudo existisse, o universo inteiro seria um caos, algo inimaginável. Então me ocorre o quão dependente é o equilíbrio do nosso mundo daquilo que não existe, do impensável, do inconcebível. Fico pensando nos olhos que nunca lerão o que aqui escrevo e o que ocorreria (ou não) se o lesse.

Maybe that’s why we exist, for meditating about such tremendous prodigy that is the creation itself and the rupture of what didn’t exist before. The existence alone is not complete, without its alter. If everything existed, the whole universe would be in chaos, something unimaginable. Then, it comes to my mind how dependent the balance of our world is on what doesn’t exist, of what cannot be thought, of what cannot be conceived. I wonder about the eyes who will never read what I write and what would happen (or not) if they did.

Até o ano que vem.

See you next year.

A relatividade da vida

The relativity of life

Quantas vezes corri apressado, preocupado, e tudo para, no final, descobrir que já era tarde demais. E aí, vem a calma. Quantas vezes corri apressado, preocupado, e tudo para, no final, descobrir que cheguei bem na hora. E aí, vem a calma. Soam parecidos? E o que dizer do amor e do ódio, sentimentos que parecem tão antagônicos mas em ambos o objeto do amor e do ódio é igualmente importante para aquele que ama ou odeia.
“Eu nunca vou te esquecer” pode ser uma jura de amor eterno ou de vingança mortal.

So many times I ran, in a hurry, worried, and so on, to eventually find out that it was too late. Then I calmed down. So many times I ran, in a hurry, worried, and so on, to eventually find out that I got on the right time. Then I calmed down. Do they sound alike? What about love and hatred, feelings that look so distant from each other but in both of them the object of love and hatred is equally important for the lover or hater.
“I will never forget you” can be a declaration of eternal love or mortal vengeance.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

O Agora

Now


Neste exato momento em que você lê este texto, o acontecimento mais importante da sua vida pode estar começando em algum lugar. Longe de ser pretensioso, não, não me refiro a este texto em si, mas a algum acontecimento que principie a desencadear-se agora, sem que você saiba, mas cujas conseqüências lhe serão importantíssimas no futuro. Hoje se fala muito da crise financeira mundial, mas por maior que ela seja, ela teve um começo, um instante inicial que ocorreu e ninguém nem se deu conta. Às vezes foi um ato simples que desencadeou uma série de eventos que culminou numa enorme bola de neve, e justamente por não ter tido tamanha conseqüência em curto prazo, não chamou muita atenção. Se escarafuncharmos bem, a origem de uma crise econômica pode estar enraizada na origem da própria economia.


In this very moment you’re reading this text, the most important event of your life may be starting somewhere. I’m not being pretentious, this is not about this text itself, but rather about something that’s beginning now, without your awareness, but which consequences will be of extreme importance for you in the future. Nowadays the international financial crisis is one of the most debated issues worldwide, but no matter how big it is, it had a start, a first instant that went on and nobody paid attention. It could’ve been a simple act that brought in a sequence of events that eventually created a huge snowball, and just because it didn’t have much impact at first, didn’t call much attention. If we go further, the origin of a financial crisis may be rooted in the origins of the economy itself.


Quando assisto a uma superprodução fico imaginando quanto tempo levou para concluírem aquele filme, e mesmo antes da produção, quanto tempo levou para elaborarem o roteiro, para convencer uma grande produtora a topar a idéia. Mesmo antes, quando do simples surgimento da idéia para aquele filme. Um breve pensamento, um suspiro, um ato que levou até aquele pensamento. Pensamento que deve estar baseado em toda uma vivência e análise de fatos. É... Aquele filme novo não é tão novo assim. Ele é o resultado de um processo que levou anos, e este processo pode estar começando agora, em algum lugar, neste momento. Um cineasta pode estar tendo neste exato momento a idéia primária de um filme que você vai assistir daqui a alguns anos.


When I watch some blockbuster movie I can’t help but imagine how much time did it take to be done, and even before its production, how much time did it take for them to write down the plot, to convince a big studio for digging into it. Even earlier, when the first thought took place. A brief thought, a sigh, an act that led to that thought. A thought that is certainly based upon a lifetime experience and background analysis. Yeah... that brand new movie isn’t that new, actually. It is a result of a long process that took years, and this process may be starting right now, somewhere, at this moment. A filmmaker can be now thinking about the primary idea of a movie that you’re going to watch within a few years.


É o passado tocando o presente, que se refletirá no futuro. Este instante, por mais banal que pareça, pode ser o nascimento de alguém que daqui a décadas mudará o mundo, e aí, este momento será um passado remoto. Remoto como o momento em que nossos avós se conheceram. Remoto como seus nascimentos. Remoto como eles se virem antes de se conhecerem e nem se darem conta disso após se conhecerem de verdade, já que eram desconhecidos. Ou não.


This is when the past touches the present time, that will reflect on the future. This instant, albeit as common as it may appear, may be the birth of someone that within some decades, will change our world, and then, this moment will be a remote past. Remote like the moment when our grandparents met. Remote like their birth. Remote as when they saw each other for the first time, by chance, and as they didn’t know each other, they paid it little attention, and when they eventually met for real, they didn’t remember they had already seen each other previously, because they were strangers to each other back then. Or not.



Tão vazia e cheia de significados...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Switches

Por causa de um prego, a ferradura se perdeu.
Por causa da ferradura, o cavalo se perdeu.
Por causa do cavalo, o cavaleiro se perdeu.
Por causa do cavaleiro, a batalha se perdeu.
Por causa da batalha, o reino se perdeu.
Tudo por causa de um prego de ferradura.

For want of a nail the shoe was lost.
For want of a shoe the horse was lost.
For want of a horse the rider was lost.
For want of a rider the battle was lost.
For want of a battle the kingdom was lost.
And all for the want of a horseshoe nail.

Na minha adolescência eu costumava brincar com um programa chamado RPG Maker, que se tratava de uma ferramenta para desenvolvimento de jogos de RPG para computador. Nele era possível criar mundos inteiros cheios de personagens e aventuras, com imaginação livre. Eu passava tantas horas editando mapas, criando personagens, testando dispositivos e aplicando efeitos, que mesmo após desligar o computador, tudo aquilo ficava impregnado na minha mente, e eu começava a analisar o mundo ao meu redor do ponto de vista do RPG Maker. Cada movimento, cada acontecimento ao meu redor, todos eles tinham correspondentes naquele programa, mas o que mais me encantava era um mecanismo remoto capaz de controlar eventos, chamado “Switch”.

During my adolescence I used to play with a software called RPG Maker, that was a tool for developping computer-based RPG games. With it, it was possible to create new worlds plenty of characters and adventures, releasing the imagination. I spent so many hours editting maps, creating characters, testing devices and applying effects, that even after turning off the computer, all that stuck to my mind and I started to analyze the enviroment around me in the RPG Maker’s point of view. Every movement, every event around me, all of them had their counterparts in that software, but what really got me caught was a remote mechanism able to control events, named “Switch”.

Um Switch era basicamente um ponto no mapa onde linhas de comandos eram inseridas a depender do que o usuário escolhesse. Havia comandos que eram executados assim que determinado(s) evento(s) acontecia(m), outros eram ativados automaticamente assim que se chegava ao mapa em questão, outros tinham que ser ativados diretamente pelo personagem. Os Switches podiam ser qualquer coisa, desde um item a ser coletado, a um mecanismo de controle remoto que poderia alterar todo o rumo do jogo. Voltando à analogia que eu fazia entre o RM e o mundo real (MR?), eu imaginava como seriam os switches da vida real, se eram itens invisíveis que ficavam em lugares inalcançáveis ou eram passíveis de serem identificados e alterados ao nosso bel prazer.

A Switch was basically a point on the map where lines of commands were inserted depending on the user’s choices. There were commands that were executed right when some given event(s) happened, others were activated automatically about time the character reached the map, others had to be activated directly or indirectly by the character. The Switches could be anything, from a simple item to be collected to a mechanism that would change thoroughly the destiny of the game. Going back to the analogy that I was doing between RM and the real world, I wondered how would the switches be in real life, if they were invisible items set in unreachable places or if they could be located and changed on our will.

Hoje percebo que os switches são uma realidade constante nas nossas vidas, estão ao nosso redor e são perfeitamente tangíveis, mas é necessário ter muita sabedoria para identificá-los e alterá-los à nossa vontade. Assim como os switches dos jogos de RPG, existem switches cuja ativação é automática desde quando viemos a este mundo (quando o jogo começa) e outros são ativados por ações diretas e/ou indiretas. Exemplos disso foram minhas tentativas de admissão na Universidade Federal da Bahia, onde estudo atualmente. Na primeira tentativa, fiz vestibular para Desenho Industrial e fui bem sucedido na primeira fase. Na segunda fase, compareci ao primeiro dia de provas, tudo correu bem, até que no dia seguinte – e derradeiro – meu despertador tocou uma hora atrasado (o tinha programado para despertar duas horas antes da hora da prova) e só me dei conta quando só faltavam 5 minutos para os portões se fecharem. Saí correndo de casa e quando cheguei na faculdade, me deparei com os portões fechados. Implorei para abrirem, juntei-me a outros retardatários, fomos até à reitoria, mas de nada adiantou. Perdi.

Today I realize that the switches are a constant reality in our lives, they are around us and are perfectly tangible, but it’s necessary to have a lot of wisdom in order to identify them and change them according to our will. Just like the switches in the RPG games, there are switches which activation is automatic since we came to this world (when the game began) and others are activated by direct or indirect actions. Such examples were my attempts to get into the Federal University of Bahia, (UFBA) where I study nowadays. In the first attempt, I enrolled for Industrial Design and I succeeded on the first term admission exams. I did the exams of the second term’s first day but in the next day – and the very last one – my alarm clock rang one hour late (I had set it up for ringing two hours before the exams started) and I only noticed that when there were just 5 minutes left before the gates would close. I ran away and when I arrived at the campus, the gates were already closed. I begged the guards to let me in, I joined some other belated ones for protesting, we went to see the dean, to no vail. I lost.

Na segunda tentativa, desta vez para Letras, deu tudo certo, fui aprovado. Sentia-me de alma lavada, mas não imaginava o duro golpe que estava prestes a receber: no dia da matrícula, compareci pontualmente com os documentos, porém faltava um histórico do primeiro grau, o qual eu não achava necessário, já que eu estava com o do segundo. Não, não era o suficiente, não pude concluir a matrícula e tive que abrir um processo para entrega posterior do documento pendente na Secretaria Geral dos Cursos. Consegui o tal documento 10 dias depois, e ao entregá-lo, disseram-me que o prazo já acabara. Insisti com o processo, dei-lhes mil justificativas (a escola onde eu havia cursado o primeiro grau havia mudado de endereço, devido ao carnaval houve uma demora na confecção e entrega do histórico, não haviam me informado de prazo nenhum na faculdade, etc) mas mesmo assim indeferiram minha matrícula.

In the second attempt, this time for Languages course, I got it all smoothly, I was admitted in. Finally I venged myself, but I had no idea about the hard blow that was incoming: in the registration day, I went there with all the documents at the right time but there was a paper missing, my primary school’s certificate, which I didn’t find necessary for bringing in because I had brought the secondary school’s one, but no, it wasn’t enough for them, and I couldn’t finish my registration and I had to start a process for delivering the missing document later on. I got the missing document 10 days later, and when I gave them it, they said the deadline was over. I kept the process going on, I justified myself with many reasons (the school where I had studied changed place, due to the carnival it took 10 days for them to give me the paper, and nobody had told me about any deadline for delivering it to the University, etc) but nevertheless, they denied my registration.

Na terceira tentativa, fui novamente aprovado no vestibular e no dia da matrícula levei todos os documentos requeridos, ou pelo menos eu achava. No ato da matrícula me pediram o certificado de votação do primeiro e segundo turnos, dos quais eu só levara o do segundo. Parecia que aquele pesadelo ia acontecer mais uma vez, mas por nada no mundo eu poderia deixar isso assim. Fui em casa, a alguns quilômetros da faculdade e peguei o certificado do primeiro turno, levando-o e efetuando a matrícula.

In the third attempt, I was approved once again in the exams, and on the registration day I took all the required documents, or so I thought. Upon the registration, they asked me for a certificate of vote on the previous ellections, first and second turns, but I had only the second turn’s one with me at that moment. I felt like all that nightmare was coming back again, but then, for nothing in the world I would let that happen again. I went back home, couple of kilometers away, found the certificate of the first turn and went back to the University, accomplishing the registration.

Acontece que na época eu trabalhava num resort, a 30km de casa, e havia recebido uma proposta para trabalhar num albergue muito mais próximo, com um salário razoável. O problema é que eu estava prestes a ser promovido no resort e não tinha certeza se queria trocar o certo pelo duvidoso, indo para aquele albergue que pouco adicionaria à minha carreira profissional, em comparação ao resort cinco estrelas all-inclusive onde eu trabalhava. Resolvi decidir minha situação na referida matrícula; se eu estudasse de manhã, não conseguiria conciliar com o trabalho, já que eu não conseguiria chegar nos horários, além de chegar muito cansado, assim, poderia trabalhar no albergue pela tarde. Se eu estudasse de tarde, poderia continuar no resort, e não conseguiria conciliar meus horários com os do albergue. Minha vontade era de estudar de manhã e trabalhar perto de casa, além do albergue ter aparência bem mais jovial onde eu poderia ter contato com muita gente interessante, diferentemente da recepção do resort, que era em escala industrial e eu trabalhava sob muita pressão. Mas eis que o que aconteceu: o certificado de votação, um papel minúsculo, determinou os rumos da minha vida naquele momento. Se eu o tivesse no primeiro momento, teria efetuado a matrícula no matutino, assim saindo do emprego e entrando num outro. Mas não foi isso que aconteceu.

What happened, though, was that I worked at a resort back then, about 30km (18mi) far away from my house, and I had been invited for working at a hostel much closer to my house, for a nice salary. The problem was that I was about to get a promotion and didn’t wanna leave all that I had achieved so far for leaping into an unknown direction, working at that hostel that wouldn’t add very much importance to my professional career, compared to the 5 stars all-inclusive resort where I was working. I decided to make up my mind depending on how the registration would go: if I studied on the morning, I wouldn’t be able to deal with University and my job together, because I couldn’t arrive in time, and I’d be very tired, thus, I could work at the hostel on the afternoon. If I studied on the afternoon, I could stay at the resort, for I wouldn’t be able to conciliate my studies with the hostel shifts. I wished to study on the morning and work near home, besides, the hostel seemed quite nice and cheerful where I could get in touch with interesting people, unlike at the reception of the resort which was in industrial scale and I worked under heavy pressure. But here’s what happened, the vote certificate, a petite piece of paper, determined the course of the events in that moment. If I had it at the very first moment of the registration, I would enroll for the morning classes, thus, quiting my job and joining the other. But that’s not what happened.

Da mesma forma, um certificado escolar determinou minha vida na segunda tentativa; de forma igualmente dramática, meu ingresso na faculdade demandou minha saída do flat onde eu trabalhava na época, e com o fracasso ocorrido na matrícula, perdi tudo de maior que eu já havia conquistado sozinho até então, faculdade e emprego. Da mesma forma um simples relógio barato decretou o meu fracasso no primeiro vestibular. Não fosse ele, talvez eu tivesse sido aprovado e estivesse cursando meu quarto ano agora.

Likewise, a school certificate determined my life in the second attempt, just as dramatically; my enrollment at the university demanded me to quit the job I had back then, at a Flat, and with the failure at the registration, I lost all the greatest achievements so far I had done on my own, university and job. In the same way, a cheap alarm clock determined my failure at the first attempt. Had it not happened, maybe I could have been approved and would be now entering my fourth period.

Estes são alguns exemplos de switches da vida real que tiveram grandes impactos na minha vida – um relógio despertador, um histórico escolar e um certificado de votação de dimensões 5x3cm. Imagine quantas pessoas deixei de conhecer – e quantas conheci – por causa desses acontecimentos. Imagine quantas coisas poderiam ter acontecido – e tantas outras que aconteceram – devidas a isso. Esses itens que nos rodeiam, pessoas, coisas, idéias, tudo isso é switch, todos são mecanismos que determinam os rumos da nossa história, com diferentes impactos.

These are just a few examples of real life switches that had great impacts in my life – an alarm clock, a school certificate and a vote certificate measuring 5x3cm. Imagine how many people I didn’t meet – and how many I met – because of this. Imagine how many things could have happened – and how many others happened – due to that. These items around us, people, things, ideas, all of them are switches, all of them are mechanisms that determine the course of our history, with different impacts.

Este conceito que aqui denomino de “Switches” servindo de analogia ao RPG Maker, na verdade é muito antigo. Uns o determinam de “Efeito Borboleta”, ou o detém na forma de um provérbio, o qual inicia este texto, que o explica sumariamente de uma forma muito mais concisa do que aqui o faço. Não importa a nomenclatura, apenas abra seus olhos e tente enxergá-los. Seu futuro é alicerçado em pequenos fragmentos que o rodeiam no presente...

This concept that here I name “Switches” as an analogy to RPG Maker is actually quite old. Some called it “Butterfly effect”, or boil it down to a proverb, which can be seen in the beginning of this text, that resumes in a much shorter and precise way than what I try to explain here. No matter the nomenclature, just open your eyes and try to see them. Your future is rooted in small fragments located around you in the present time...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Fim

Havia fractais nos céus. Sol, Lua e estrelas sumiram. Já não era noite nem dia em lugar algum, apenas fractais enormes podiam ser vistos num céu longínquo. Aleijados voltaram a andar, cegos passaram a enxergar, pacientes em coma voltaram à consciência, idosos rejuvenesciam. Em transe, todos os seres humanos sumiram sem deixar rastros.


There were fractals in the skies. Sun, Moon and stars vanished. There was neither light nor day anywhere any longer, just enormous fractals could be seen in a distant sky. Lames could walk again, blind ones could see, patients in coma woke up, the elderly became youth. In trance, all the human beings disappeared without leaving any traces.


Em algum lugar do tempo e espaço, a Luz irradiava por toda parte e ganhava rosto. À sua frente, bilhões de seres pequeninos se reuniam, esperando por outros bilhões que para ali iriam. Eles não conversavam entre si, porque já sabiam tudo; não tinham ansiedade de encontrar aqueles que estavam por vir, ainda que, quando encarnados, tivessem.


Somewhere in the time and space, the Light irradiated all over and gained face. Before it, billions of small beings reunited, waiting for billion others that were to come. They didn’t talk amongst themselves, because they already knew everything; they had no anxiety for meeting the newcomers, albeit, when they were incarnated, they had.


Ali era o fim da vida, da morte, da tristeza, da alegria, era simplesmente o fim de tudo. Era ali que a matéria animada que se autodenominava de “seres humanos” terminava a sua jornada. Um a um, bilhões deles acordavam do transe e se deparavam com seus ancestrais que os aguardavam em silêncio. Ali todos obtinham a resposta para suas perguntas. A Luz fulgurava cada vez mais forte até engolir todos.


That place was the end of life, of death, of sadness, of happiness, it was simply the end of everything. It was where that animated matter that called itself “human beings” end their journey. Each one of the billions of beings woke up from their trance and faced their ancestors that were waiting for them in silence. There, all could answer their questions. The Light fulgurated more and more until it swallowed everyone.


Chegava a hora de transformar aquela energia luminosa em energia cinética, térmica, mecânica, viva. Dela, corações nascerão e bombearão, imbuídos de novos conhecimentos das vivências obtidas, nascerão novos seres mais evoluídos. A Luz estendeu seus raios às partes mais longínquas das galáxias, e em cada um de seus destinos, novas odisséias começam.


Now was the time to transform all that luminous energy into kinetic, thermal, mechanical, living energy. From it, hearts will be born and pump, endowed with new knowledge gained from their previous experiences, new and more evolved beings will be born. The Light extended its beams towards the farthest places of the galaxies, and in each one of its destinations, new odysseys begin.