Há algo de errado neste mundo. Pare e pense. Você certamente deve estar dizendo “Descobriu a América!!!” ou deve achar que minha frase deveria ser aplicada no plural, ou mesmo superlativo, coletivo, elevada ao quadrado, ao cubo, algo assim. Bom, concordamos em algo, mas não da forma como esse algo foi dito, de uma maneira ou de outra. Mas quando digo que há algo de errado nesse mundo, me refiro a algo primordial, a origem de todos os erros, afinal é disto que trata este blog, das coisas mais elementares, coisas que abrangem tudo, sobre as quais só podemos especular na teoria. Assim sendo, com o exemplo acima posso demonstrar como começam os problemas do convívio humano: temos uma situação (proposição), dita por um indivíduo (eu), analisada por outro indivíduo (você), proposição gerada pela análise de uma realidade no ambiente ao redor do primeiro indivíduo, provavelmente a mesma realidade experimentada pelo segundo. Sua exposição à proposição do primeiro indivíduo estará em xeque: você terá (e teve) uma reação, seja ela positiva, neutra ou negativa; na minha hipótese (longe de crê-la certa, mas precisava de um ponto de partida), você teve uma reação positiva, concordou com a proposição. Mas discordou quanto à formulação da proposição. Daí principia o contato e interação entre indivíduos. Agora substitua a proposição por algum dogma religioso, e suponha que o primeiro indivíduo é um muçulmano e o segundo é um cristão... A proposição pode ser qualquer coisa, desde que cause uma reação no indivíduo receptor. Um apelo sensorial, causador de uma reação (des)agradável. É aí que vem o erro do qual falo, a relação entre proposição e reação, que neste mundo parece não ser harmoniosa. Fazemos um gesto, nos comportamos de um modo, mas será que isso será entendido como desejamos, pelo receptor? Essa desarmonia parece ser causada pela obscuridade de nossas mentes. Um mistério que há muito intriga a humanidade: O que o outro pensa. Agimos de uma forma, mas nem sempre sabemos como o outro entenderá essa ação.
Creio que o erro primordial está no modo como enxergamos as coisas. Se enxergássemos uns aos outros com amor, como irmãos, cuidando uns dos outros, o mundo seria muito diferente. Não, o erro primordial vem da luta pela sobrevivência, afinal, você é de carne, eu sou carnívoro... Não, vem da idéia de posse, afinal isto é meu, e se necessário lutaremos até a morte pelo direito de possuí-lo. Não, vem do raciocínio, que ironicamente nos faz ter todos esses pensamentos que nos fazem voltarmos uns contra os outros. Não, vem do desequilíbrio que permeia nossa existência. Vem da própria existência desgraçada desde antes dos nossos nascimentos, que por desígnios atrozes nos trouxeram aqui. Nos reunimos aqui por puro infortúnio e aqui devemos padecer até achar uma solução, ou não. Sim, isso tudo turva nossas visões. Isso nos impede de enxergar um modo de vivermos em harmonia. Desde criança eu me perguntava porque não poderíamos todos viver felizes, pela eternidade. Hoje entendo que isso faz parte da liberdade que temos, e da complexidade deste mundo, de outra forma, tudo seria previsível, nossas vidas seriam monótonas e a felicidade perderia seu valor, pois seria abundante. A verdade é que precisamos de um contraste, precisamos nos machucar para saber o quão sãos estávamos, precisamos da escuridão para reverenciar a luz, precisamos sofrer para valorizar o prazer.
O fato é que este mundo está cheio de desigualdade e desilusão. A espécie humana, como todas as outras, busca sua sobrevivência, sua continuidade, sempre buscando o melhor para si, desde espermatozóides, quando o mais forte e o que nada mais rápido chega ao óvulo, deixando milhões de irmãos-competidores para trás. Ainda antes disso, sua hospedeira escolheu a dedo aquele com quem teria essa cria, preterindo tantos outros através de padrões de estética, intelecto, físico e monetário, os quais nem sempre são apurados. Tantos nem chegam a nascer, e tantos nascem e morrem logo depois, ou nascem debilitados. E durante a vida somos sempre sujeitados a provas como as que nossos pais fizeram, e seleções como as quais nós passamos ainda em tempos imemoriais. Mesmo assim, dos 6 bilhões e tantos milhões de seres humanos, malmente 1/6 deles vivem em boas condições, enquanto os outros 5 bilhões meramente sobrevivem, e dentre eles mais de 1 bilhão agoniza. A espécie humana está falindo, e acho que são justamente esses mecanismos que buscam sempre o melhor para nós, potencializados pelo raciocínio mais as condições naturais de nosso habitat que nos fazem entrar em um infinito jogo de interesses dos quais poucos saem ganhando, e mesmo esses poucos não sabem por quanto tempo ainda terão sorte. Seria a fonte de todos os erros essa busca pelo melhor para nós mesmos, implícita em nosso código genético e elevada a potências altíssimas por nosso raciocínio entorpecido, cuja interação em sociedade é guiada por olhos turvos? Será que na nossa existência, para que um ganhe, alguém sempre terá que perder?
Nota: "Eu" e "Você" são simbolicamente o "eu" de alguns meses atrás, quando comecei a escrever este texto, e o "eu" de hoje, quando o concluí.
O fato é que este mundo está cheio de desigualdade e desilusão. A espécie humana, como todas as outras, busca sua sobrevivência, sua continuidade, sempre buscando o melhor para si, desde espermatozóides, quando o mais forte e o que nada mais rápido chega ao óvulo, deixando milhões de irmãos-competidores para trás. Ainda antes disso, sua hospedeira escolheu a dedo aquele com quem teria essa cria, preterindo tantos outros através de padrões de estética, intelecto, físico e monetário, os quais nem sempre são apurados. Tantos nem chegam a nascer, e tantos nascem e morrem logo depois, ou nascem debilitados. E durante a vida somos sempre sujeitados a provas como as que nossos pais fizeram, e seleções como as quais nós passamos ainda em tempos imemoriais. Mesmo assim, dos 6 bilhões e tantos milhões de seres humanos, malmente 1/6 deles vivem em boas condições, enquanto os outros 5 bilhões meramente sobrevivem, e dentre eles mais de 1 bilhão agoniza. A espécie humana está falindo, e acho que são justamente esses mecanismos que buscam sempre o melhor para nós, potencializados pelo raciocínio mais as condições naturais de nosso habitat que nos fazem entrar em um infinito jogo de interesses dos quais poucos saem ganhando, e mesmo esses poucos não sabem por quanto tempo ainda terão sorte. Seria a fonte de todos os erros essa busca pelo melhor para nós mesmos, implícita em nosso código genético e elevada a potências altíssimas por nosso raciocínio entorpecido, cuja interação em sociedade é guiada por olhos turvos? Será que na nossa existência, para que um ganhe, alguém sempre terá que perder?
Nota: "Eu" e "Você" são simbolicamente o "eu" de alguns meses atrás, quando comecei a escrever este texto, e o "eu" de hoje, quando o concluí.
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