Interval
Ultimamente tenho percebido cada vez mais claramente como as nossas vidas estão imbutidas em intervalos. A simples pergunta “Como vai?” deixa isso bem claro. Se pararmos pra pensar, estando bem ou mal agora, é só uma questão temporal, um intervalo entre a última vez que você esteve bem ou mal antes. Mais do que isso, às vezes esquecemos de como estávamos antes e o que fazer, ou não, para mudar o agora.
Lately, I’ve been perceiving clearer and clearer how much our lives are embedded in intervals. The simple question “How are you?” makes it clear. If we bethink, wether you are good or not now is just a matter of time, an interval between the last time you were good or bad before. Moreover, sometimes we forget how we were before and what to do, or not, to change now.
Um exemplo disso, que me fez refletir, foi minha viagem à Itália. Eu havia passado 3 meses na Rússia antes disso, e fui na Itália visitar meu irmão, para voltar e passar mais 3 meses na Rússia. O fato é que viagei tanto nesse período de cerca de um mês que passei fora que às vezes eu me esquecia do plano inicial. Eu estive em 6 cidades em dois países em cerca de 8 dias. Chegava a um ponto que eu me esquecia da minha meta inicial e até pelo fato de a viagem de volta ainda não estar completamente garantida (faltava fazer outro visto pra voltar) eu me sentia como se eu nunca fosse voltar a lugar nenhum. Eis que tudo passou, e agora, é como se eu nunca tivesse saído da Rússia. Percebi que tudo que vivenciei, tudo que passei, os lugares por onde passei, as coisas que experimentei, as pessoas que conheci, o ar que respirei, e tantas coisas mais foram apenas um intervalo entre 21 de novembro e 25 de dezembro (que, por sinal, não é natal aqui, mas sim, coincidentemente, hoje à noite, 6 de janeiro) de 2009.
An example, that made me wonder about this, was my travel to Italy. I had been in Russia for 3 months before it and went to Italy to visit my brother and then go back to Russia for more 3 months. The point is that I had been travelling so much then, in this period of about one month that I’ve been out, that sometimes I forgot the initial plan. I’ve been to 6 cities in 2 countries in about 8 days. Sometimes it came to a point that I even forgot that I had to go back to Russia, even because the way back was not 100% certain, as I still had to get another visa for heading back, and I eventually felt I was not going back anywhere anymore. Finally, everything is gone and now it’s like I never left Russia. I realized that everything that I’ve been through, all the places where I’ve been to, the experiences I had, the people I met, the air that I breathed and so much more things, were actually just a break between november 21 and december 25 (which, by the way, is not christmas here, coincidentaly it is tonight, january 6th), 2009.
Algo semelhante eu sentia quando trabalhava de madrugada e estudava de dia. Eu dormia das 9 da manhã até o meio-dia, ia pra faculdade e voltava por volta das 6 da tarde, pra dormir mais um pouco antes de voltar pro trabalho. Parecia que a faculdade era só um intervalo do meu sono, assim como quem dorme, acorda, bebe um pouco d’água e volta a dormir. Mais do que isso, minha vida era o intervalo do meu trabalho, uma mera pausa, já que eu voltava do trabalho às 9 da manhã e voltava pra lá às 9 da noite.
Something similar came to my mind when I worked night shift and studied day time. I slept from 9am to noon and then went to the university, and came back home around 6pm, to sleep a little bit more before going back to work. It looked like university was just a mere break in my sleep time, like when someone is sleeping, wakes up, drinks some water and goes back to sleep. Furthermore, my whole life was the interval of my job, a mere break, once I came back from work at 9am and went back there at 9pm.
Certamente, quando eu voltar pro Brasil, encerrarei mais esse intervalo que foi a Rússia (Alemanha, Itália e Vaticano, exterior, de um modo geral), mas aí me pergunto: e se eu voltar?
O que determina tudo é a quantidade, e, porque não dizer, a intensidade. Por isso, pessoas me acham otimista quando alguém me diz que está com dor de cabeça, e eu respondo “que bom! Sinal de que geralmente você não tem dor de cabeça, de outro modo você estaria feliz quando não a tivesse”. Mas essa é a verdade, e a vida é uma alternância constante de valores, o bem e o mal, a dor e o prazer, a tristeza e a alegria, dias úteis e fins-de-semana e por aí vai. Um depende da existência do outro e por vezes são relativamente idênticos, como quando eu trabalhava literalmente todos os dias, pra mim, fins-de-semana e dias úteis eram iguais, assim como quando se está de férias, todos os dias são fins-de-semana ou feriados. A verdade é que são todos conceitos e nada disso rege a matéria.
Certainly, when I go back to Brazil, I’ll finish this interval that was Russia (and so Germany, Italy and Vatican, this whole period abroad, generaly), but then I wonder myself: what if I come back here?
The most important is the quantity, and, why not, intensity. That’s why people may think I’m an optimist when somebody tells me s/he has a headache and I retort “that’s good! It means that you usually don’t have headaches, otherwise you’d be glad when you don’t have one”. But that’s the truth, and life is a constant alternation of values, the good and the evil, pleasure and pain, sadness and happiness, work days and weekends and so on. One depends on the other's existence and some times they’re relatively identical, like when I worked literally every single day, for me, weekends and work days were completely alike, just like on vacations, all the days are like weekends or holidays. The truth is that they are all concepts and none of them rule the common matter.
ssa-sd-ssa
4 comentários:
Eu. Não. Sou. Um. Intervalo. Nem. Uma. Parte. Dele.
Não gosto desta categoria. Que porra é essa? Um intervalo não tem alma nem sentido humanitário.
Vc gosta de SE-chamar um intervalo?
Pra mim, Brasil não é um intervalo.
É uma estratégia de sentimento e idéias.
"O que determina tudo é a quantidade, e, porque não dizer, a intensidade."
Eu respeito que vc vai tornar habitável uma realidade por algumas categorias, que vc vai pensar mais ou falar mais sobre os seus pensamentos, mas eu sou uma pessoa que não quer estar nenhuma categoria DESUMANA. Ainda vejo só categorias desumanas em seus pensamentos. Espero ver outras.
Quantidade, intensidade... NÃO!!! Acho que é mau dizer sobre pessoas vivas por essas palavras.
É triste - sonhar em futuro com vc, em vida toda, dar toda a minha energia... só pra estar uma parte do intervalo 21.11-25.12:(((
Acho que esses intervalos são parte do que chama de "vazios". Não acho, realmente, que tenhamos vazios, mas espaços que não conseguimos alcançar. Tantas são as vezes em que penso em suicídio só porque não consigo alcançar uma idéia, ou um estado de incompreensão me toma, como assistir a um vídeo em que eu esteja participando, ou mesmo me olhar no espelho.
"Esse sou eu?"
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