quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Fluência - Pt. 1

Algumas conclusões às quais cheguei aprendendo idiomas:


1. O Conceito de Fluência.

Antigamente eu achava que falar fluente era o mesmo que falar como um nativo, o que não é bem verdade. O fato é que o falante nativo se identifica patrioticamente com determinado local, partilhando assim de sua história, cultura e tradições. Um exemplo disso é a diversidade de certas línguas como o português, onde dois falantes nativos, um brasileiro e um português desconheceriam muitas das particularidades culturais do país de cada um, como o nome de um personagem de determinado programa de TV, ou o nome de determinado prato típico, por exemplo. Dessa forma, num âmbito mais específico, mesmo falantes nativos divergem e ignoram aspectos culturais e históricos do outro, chegando mesmo a impedir a comunicação plena entre ambos. Ainda sobre essa questão, pode-se observar num mesmo país, numa determinada sociedade, como a brasileira, diferentes níveis de conhecimento lingüístico, mesmo entre falantes nativos conterrâneos, como comparar um bóia-fria que nunca pôde ir à escola nem teve quem o instruísse, e um doutor em letras vernáculas pela melhor universidade do gênero no país. Ambos são nativos, mas fica claro que a bagagem lingüística e literária do outro, principalmente nos aspectos da norma culta seria muito mais evoluída que a do primeiro.

Ao chegar à fluência da língua inglesa, primeira língua estrangeira que aprendi, descobri que na verdade fluência era mais simples do que eu pensava; como o próprio nome diz, é quando a fala “flui”, sustentando uma comunicação bem-sucedida no idioma em questão, sem prender-se demasiadamente a questões como pronúncia, norma culta e escrita; assim, o que mais é importante para se chegar a uma boa fluência num idioma é ter um bom vocabulário para assim poder expressar-se e compreender, ter bons conhecimentos da gramática para saber como coordenar esse volume de vocábulos, ter uma pronúncia clara ainda que com sotaque, além de uma boa audição para poder compreender o que se escuta, o que exige muito treinamento e exposição ao idioma em questão. Isto é claro sem mencionar a parte escrita, o que também exige muito treinamento e conhecimentos de ortografia apurados, uma boa escrita e um hábito de leitura corrente também são fundamentais.

O que quero dizer é que a fluência depende do ritmo que leva uma conversação em diversos tipos de situações em dado idioma. Se duas pessoas conseguem estabelecer comunicação verbal sem problemas, com fluência na fala e audição, elas são fluentes, ainda que não nativas. Como afirmei acima, o nativo além de comunicar-se fluentemente identifica-se a um local ou comunidade específica, conhecendo então peculiaridades inerentes àquela esfera em que vive. O estudante dificilmente chega a este nível apenas com o estudo à distância, necessitando então de uma vivência num local onde o idioma em questão seja falado correntemente. Para encerrar, gostaria de citar uma frase de uma amiga minha italiana: “Solo impari una lingua vivendola” (Só se aprende uma língua vivenciando-a).

Um comentário:

DIARIOS IONAH disse...

É assim mesmo que a coisa funciona.Eu estou tentando aprender frances , mas não consigo me expressar. Entendo a lingua escrita, consigo entender quando vejo nos filmes, mas não consigo ultrapassar a timidez de falar com sotaque e erradamente.
Ah1 aprendi um espanhol bem misturado quando morei em Buzios, no Rio de Janeiro, so com a convivencia com os argentinos e espanhois dela, que sei não são os mais cultos de seus paises..
mas passei a ler livros e melhorar meu vocabulario.